Como a eleição impacta os transtornos mentais e por que o seu voto pode mudar essa situação para as mulheres

Quando elegemos alguém, é com a expectativa de que essa pessoa servirá e cuidará de nosso município, estado ou país. Em teoria, esse é o papel dos eleitos: criar políticas públicas que beneficiem a população. E essa população inclui as mulheres, que compõem a maior parte dos brasileiros. Por isso, quero trazer alguns números que ilustram a importância do seu voto para mudar a situação atual.

Vamos começar com a depressão. De acordo com a pesquisa da OMS em 2020, o Brasil possui 11,5 milhões de pessoas diagnosticadas com essa doença. No entanto, esse número é provavelmente bem maior, já que muitos ainda não foram diagnosticados e não estão em tratamento. E entre essas estatísticas, o número de mulheres é 30% maior do que o número de homens que enfrentam esse transtorno invisível. 

Agora imagine esses dados pós-pandemia… em que houve o aumento da violência doméstica e do feminicídio. Sabemos que a Lei Maria da Penha lida com violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial contra mulheres. Agora pense comigo: essas experiências traumáticas também contribuem para gerar ou aumentar o sofrimento psíquico.

No que diz respeito ao Burnout, em 2015, o New York Times relatou que, para cada mil pessoas trabalhando, há 80 mulheres a mais do que homens diagnosticados com essa síndrome. Evidentemente, esses números aumentaram após a pandemia. As mulheres têm enfrentado exaustão em múltiplas jornadas há milênios, o que torna o esgotamento ainda mais presente em nossas vidas.

Quanto à ansiedade, o Brasil ostenta – infelizmente – o título de país mais ansioso do mundo desde 2017, de acordo com a ONU. A ansiedade afeta 7,7% da população feminina, enquanto atinge 3,3% da população masculina.

Depressão, ansiedade e burnout… esses são apenas alguns dos muitos transtornos mentais que necessitam de atenção e políticas públicas. E é aqui que entra o poder da sua escolha nas eleições.

Você sabia que o Brasil está em 152º lugar entre 190 países no que diz respeito à representatividade feminina no congresso? Isso precisa mudar e pode mudar! É difícil de acreditar que nosso congresso tenha menos mulheres do que países como Arábia Saudita, Omã e Afeganistão. Para ilustrar ainda mais a discrepância, foi somente em 2016 que, após 55 anos de existência, o primeiro banheiro feminino foi inaugurado no congresso. Pois é, chocante!

Em período de eleição, vem a pergunta: em quem votar? Diante das questões sociais, administrativas, culturais e políticas atuais, muitos de nós buscamos líderes capazes de transformar a realidade e nos representar. Contudo, a falta de opções que estejam alinhadas com nossos valores e ideias pode ser desafiadora. 

Apesar de as mulheres constituírem mais da metade da população brasileira (55%), o congresso ainda é predominantemente masculino e, se fosse uma pessoa, seria um homem branco de meia-idade, conforme apontam pesquisas do coletivo suprapartidário Vote Nelas.

Quando comparamos o Brasil com outros países, percebemos o quão atrasados estamos e o quanto é necessário mudar essa situação. Além disso, estudos indicam que a presença de mais mulheres na política está correlacionada a menos corrupção. E você, acredita nessa relação? 

Portanto, estou aqui como psicóloga para explicar como o seu voto tem o poder de alterar todo esse cenário. A conscientização e a participação ativa podem trazer maior representatividade feminina para a política brasileira. 

Procure por candidatas mulheres que representem você! Em 2022, a proporção de candidaturas femininas alcançou o maior índice nas eleições federais, com pelo menos 33,3% dos nomes nas urnas sendo de mulheres. Essa é uma oportunidade valiosa! Existem inúmeras mulheres com histórias inspiradoras, lutando por uma transformação real nas esferas de poder, seja em âmbito municipal, estadual ou nacional. Explore o site do Vote Nelas e encontre a sua representante.

Talvez você esteja se perguntando “Por que votar em mulheres?”. De acordo com uma pesquisa da Escola de Pós-Graduação em Economia da Faculdade Getúlio Vargas (2017), 48% das mulheres foram dispensadas após a licença-maternidade. Isso revela a complexidade do mercado de trabalho. Além disso, as mulheres ganham cerca de 27% a menos do que os homens no Brasil, conforme a ONU. O desemprego também afeta mais as mulheres e as pessoas negras, de acordo com dados do final de 2017. E a violência? O Brasil é o 7º país mais violento para as mulheres, segundo a OMS.

Vamos juntas criar um espaço político mais inclusivo e diversificado, ou seja, os homens são muito bem-vindos nessa mudança. Votar em mulheres significa ampliar nossos direitos, sermos ouvidas e ter nossas pautas levantadas. Sabe o provérbio “é o olho do dono que engorda o boi”, pois é, precisamos de mulheres nas esferas de poder cuidando para que as pautas sobre nós sejam cuidadas. 

Não é possível reformar a sociedade sem corrigir essa disparidade no poder político municipal, estadual e nacional. Com essa consciência, seu voto pode trazer mais representatividade feminina para a política brasileira. Reconheça o seu poder e o use a se favor!

Aumentar a representatividade das mulheres no congresso é um movimento que está finalmente ganhando força. Após termos conquistado o direito ao voto, buscamos agora ter voz em ambientes de poder e de tomada de decisão. Apoie essa causa!

Eu desejo mais mulheres na política e em todos os espaços. Isso traz diversidade de ideias, de visões e serve de inspiração para a próxima geração de mulheres que enxergam os poderes executivo, legislativo e judiciário como uma possibilidade real. O lugar das mulheres é onde elas de fato desejarem estar.

Nosso país conta com cotas para candidaturas femininas, com a lei estabelecendo que “cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”. No entanto, ainda há pouco apoio financeiro para as candidatas, resultando em poucas eleitas, de acordo com o IBGE. Além disso, os critérios de seleção ainda são obscuros. E sabe o que é mais estranho? Em 90% dos casos, são os homens que decidem para qual mulher o investimento será direcionado, com critérios pouco transparentes. Precisamos de cotas garantindo vagas tanto para as mulheres mais votadas quanto para os homens mais votados. Essa foi a abordagem adotada na Arábia Saudita, por exemplo, e que impulsionou a diversidade tão necessária.

Seu voto tem poder! Precisamos retirar das mãos dos deputados que estão sendo investigados por corrupção o poder de moldar nosso futuro. Precisamos de mais mulheres, de pessoas genuinamente interessadas em servir o país e trabalhar pelo melhor da população.

É hora de se reconectar com a política! A transformação do cenário atual só acontecerá quando todos nós nos envolvermos nessa mudança e nos aproximarmos da política juntas.

Mulheres: a política precisa de nós agora mais do que nunca! Representamos mais da metade da população e dos votos nulos e brancos. Somos maioria, ou seja, a eleição está em nossas mãos! Temos o poder de moldar o futuro de nosso país, então unamo-nos em apoio às candidaturas femininas e mudemos o rumo do Brasil.

Vote com consciência, pois o seu voto tem muito poder!

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